A problemática de empilhar pedras

Se utiliza qualquer rede social ou se gosta de viajar e passear, é bastante provável já se tenha deparado com várias pilhas de pedras como a da fotografia seguinte.

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A atividade apelidada de Rock Stacking, em inglês, ou de Graffiti natural é já exercida há centenas de anos. Não se sabe muito sobre a sua origem, mas o pico da atividade de empilhar pedras deu-se apenas há alguns atrás, tomando proporções assustadoras.

Talvez devido à grande divulgação de fotos nas redes sociais ou simplesmente como consequência do copycat effect, nós vimos, gostámos e imitámos. Em grande escala.

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No entanto, o que à primeira vista pode parecer inofensivo e divertido, é, na verdade, uma grave destabilização dos ecossistemas locais. Eis porquê:

  • Poluição Visual – Para começar, estas “esculturas” perturbam a paisagem pura e preservada que se espera observar na natureza. Estar a caminhar numa montanha, por exemplo, e depararmos-nos com um monte de pedras deixados por alguém que lá esteve antes de nós tem o mesmo efeito que encontrarmos um lenço caído ou uma garrafa que ficou para trás: faz-nos lembrar que não estamos, afinal, longe da civilização. Muitas das vezes este tipo de caminhadas e passeios são feitos para relaxar e para nos conectarmos com a natureza – algo facilmente arruinado por um monte de pedras de origem antrópica. A geologia da terra já é lindíssima como é, não é preciso alterá-la.
  • Habitats – Para nós, as pedras são só pedras, mas para muitos animais são casas. Cada rocha está carregada de vida! Desde plantas aquáticas e crustáceos (se nos encontrarmos perto de um curso de água) a insectos (libélulas, efeméridas, formigas, aranhas, bichos da conta) e micro-organismos. Para nós é levantar uma pedra, para eles é perder uma casa.
  • Erosão do solo – Ao retirarmos uma rocha de onde ela estava, estamos a expor o solo por baixo desta à erosão, comprometendo a estrutura geológica local e a vida dos seres vivos que dependem dela.
  • O caso do Salmão – Este é um dos casos que mais me chamou à atenção, visto que expõe a extrema importância das rochas em ambientes marinhos, como junto a mares, rios, ribeiras, etc. Existem peixes, como o salmão, que deixam os seus ovos nas fendas das rochas, onde ficam albergados e protegidos até se dar a fecundação dos mesmos. Ao crescerem, estes vivem de baixo das rochas e absorvem nutrientes a partir das outras formas de vida que habitam nessas mesmas rochas. Estas exercem, deste modo, um papel crucial no ciclo de vida dos salmões.

Por fim, deixo o meu apelo a que se, mesmo assim, ainda tiver vontade de empilhar pedras para tirar uma foto e publicar no seu insta stories quando terminar volte a colocar as pedras no seu devido lugar. Desta forma, não estará a perturbar de forma significativa o ambiente.

Muitas vezes as pessoas que praticam esta actividade não têm conhecimento das suas consequências (como era o meu caso, por exemplo), assim peço-lhe que divulgue a informação e partilhe este artigo com os seus amigos!

Juntos e informados faremos do mundo um lugar melhor!

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